sábado, 25 de abril de 2020

COVID 19 Atividades de Resistência

Resistir e Criar durante uma Pandemia

As nossas histórias pessoais, não têm registro de vivermos uma situação tão grave, isso não é novidade e não é sobre isso que vou me debruçar aqui. O objetivo desta reflexão é tentar tomar como base os meus próprios ensaios e exercícios e os das pessoas com quem tenho contato e narrar um pouco do que estamos vivenciando.
As iniciativas têm sido de conjugar esforços, muitos grupos têm tentado se articular em conjunto para produzir e tentar quebrar a sensação de isolamento mas algumas atividades se tornam complexas na medida em que o processo criativo é individual principalmente quando nos encontramos em isolamento e sem perspectiva real de sairmos das contínuas quarentenas. Pintar, desenhar, desenvolver colagem, por exemplo são atividades que requerem espaço e tempo de "respirar", somos por isso convidados e olhar e  re reconhecer os nossos lugares em um exercício de alteridade. Complexo quando muitos de nós temos dificuldade de reconhecer o isolamento, a incapacidade para a solidão, temos a necessidade de sentir que temos liberdade de ir e vir e solidão não é estarmos sozinhos quando assim o desejamos.
Tentativas de ultrapassar a inércia produtiva têm surgido sincronicamente por todo o mundo, as opções oferecidas pelas tecnologias de comunicação via internet têm nos oferecido alternativas, nos vulnerabilizado frente ao domínio das tecnologias (melhor o não domínio) e nos colocado a pensar. Então se viram nas publicações anteriores neste espaço vão reparar que mais ou menos ao mesmo tempo em que lancei o desafio : #fiquei em casa , atividades muito semelhantes e em vários formatos surgiram um pouco por todo o mundo e ganharam maior ou menor força segundo a visibilidade que o meio ou o promotor oferece/oferecia. 
Pequenas iniciativas como essa foram seguidas por coletivos de artistas, museus, instituições culturais etc., muito para atender as demandas de seus empregadores e públicos que de um momento para o outro se viram "ociosos" e percebendo que respostas ágeis surgiram rapidamente dos meios artísticos.
Entrevistas com artistas, instruções virtuais de como fazer e produzir, compartilhamento de audiovisuais, galerias virtuais, passeios, são apenas alguns dos meios de comunicação e atividades que surgiram no meio das artes plásticas ao mesmo tempo em que os artistas performáticos e nisso incluo a música, a dança, o teatro rapidamente se mobilizaram.
A importância, movimentação e agilidade para essas atividades estão muito relacionadas à geração (idade mesmo) dos integrantes dessas equipes e o modo como elas lidam com as ferramentas à sua disposição. 
Complicado, quando se tem mais de 30 anos e não nasceu com ecrãs touch... 
Mas o desafio da auto motivação e do trabalho sem lugar e tempo certo continua. Temos acompanhado uma escalada de eventos virtuais em todas as redes e em todas as formas; esses eventos mesmo que não presenciais demandam equipes integradas, agora dominando e orientando tecnologias para que os seus participantes sejam de fato incluídos e não promover exclusão. No meu caso acreditei que compartilhar uma pasta de drive seria simples... não é mas outra coisa me chama a atenção: o gerenciamento do tempo e a noção de que haverá tempo para tudo... 
Muitos de nós, fechados em nossas residências não só passamos a um processo de desorientação frente aos ciclos do dia e da noite por rompermos elos com rotinas de horários obrigatórios, como passamos a compreender aspectos pessoais de criação que antes teríamos resistência. Então uma rotina de produção é algo inesperado percebo booms, grandes explosões de atividade, seguidos por períodos maiores ou menores de inatividade segundo os eixos de motivação e possibilidades apresentadas no âmbito individual.
A tecnologia nos ofereceu possibilidades mas já entramos na fase como o vírus que nos faz estarmos recolhidos e isolados do convívio social, de pico de contaminação de exigências e demandas por acreditarmos de que havendo os meios tem que haver produção. Nos esquecemos que somos humanos, frágeis semelhanças de "Deuses" ou não, com medos, sentimentos e desejos ao mesmo tempo que detentores de criatividade e livre arbítrio, o que nos faz diferentes mesmo que tendo um alter ego nessas circunstâncias diferente dele.  
Só para concluir #fico em casa , tento fazer mas nem sempre consigo mas vou fazendo e é no gerúndio que devemos ficar a buscar alimentar esperanças de que o desafio de hoje esteja nos fortalecendo para a realidade de amanhã.

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